domingo, 22 de agosto de 2010

Livro de artista "o Contador de Histórias"






O valor da leitura
Havia um homem, em cidade muito distante, que se dedicava a arte dos livros. Escrevia, montava, criava maravilhas. Seus livros eram apreciados por grande parte do povo que via neles, um pouco da sabedoria divina. Como podia um homem escrever coisas tão preciosas, ilustrar, coser as páginas feitas com fino cânhamo e doá-las à humanidade, isto não sabiam. Acreditavam que tudo não passava de uma obra divina e que aquele homem, tão simples parecia, era um enviado de Deus. Mas o que diziam aqueles livros, muitos não sabiam dizer, pois a leitura era coisa para poucos dotados de mais conhecimento e sabedoria.
-Homens, porque não vos esforçais: -dizia ele a todos que lhe apreciavam a obra. Serieis muito mais felizes. Vede quanta coisa estais perdendo por não saberem ler. Eu aprendi porque via no livro a possibilidade de manifestar-me, expressar minhas idéias. Não quereis aprender? Posso ensinar.
-Não.-diziam todos. Ler é coisa para poucos privilegiados, não temos tempo. Temos a lavoura, o arado a nos esperar.
-Mas podeis vos desligar por um momento das atividades do dia a dia e gozar as delicias do esquecimento dos problemas da vida. Um livro nos eleva, nos mostra outros caminhos. Podereis saber de cidades longínquas, de homens diferentes, pensamentos que lhe serão acréscimo nesta vida, a fim de julgar qual o mais correto para vós. Pensai nisto! Vede como eu tenho sonhos. A leitura nos acrescenta, nos enobrece o caráter.
-Pois dizeis isto por serdes vós o escritor. Se fosses um humilde homem do campo, diríeis que não poderíeis perder tempo. Quanta honra em ser como vós, mas lhe falta o necessário, não podeis nem ousar pensar em coisas materiais, pois não as podeis comprar.
-Não vendo meus livros, passo-os para frente. Não ouso vender o que de graça recebi, a linguagem que me flui aos poucos, sempre recheada do conhecimento da vida. Nos arroubos do romance, escrevo também as opções de uma alma em busca do acerto ou o declínio causado por suas decisões. Não vêem que lhes quero passar as experiências dos outros homens que observo neste mundo? Se soubésseis observar veríeis que todos somos comprometidos uns para com os outros e que nossos atos serão exemplo para os que nos cercam. Se os observo e procuro transmitir é para que saibais que todos devemos aprender com os erros e acertos do nosso próximo. Qual a melhor forma de transmitir estes ensinamentos da própria vida? Não será pela palavra escrita?
-Mas se nem sabemos ler! -diziam todos.
-Então, doravante, sabereis ler através de meus olhos. Contarei a todos, em leituras diárias, o que sei, o que vejo, o que vivo. Todos os dias lerei, na praça da cidade, um capitulo de meus escritos, para que todos os possam apreciar.
E assim foi, a partir daquele dia, o bom homem, escritor de muitos livros, caligrafados com pena e lirismo em fino papel cânhamo, dedicava-se a ler para os transeuntes suas páginas douradas. Nunca mais o povo da região queixou-se de não saber ler, emprestavam seus ouvidos na hora final do dia, para absorverem os contos e romances . Seus ensinamentos ficaram grafados em suas mentes, almas juvenis, deliciavam-se, principalmente as donzelas, em pensar nos príncipes que lhes rondavam os sonhos e em donzelas como elas que realizavam enfim, o sonho de amor.
Todas as tardes estavam lá, fugindo um pouco do serviço do dia a dia. No grupo, podiam ser vistos também muitos jovens, que curiosos vinham saber de que estavam tratando e afeiçoaram-se pouco a pouco às histórias e seu criador. Os velhos, as crianças, o ouviam com enlevo e a todos encantava, às mães, com os filhos pequenos ao colo, às anciãs, já tão sem sonhos. Todos lhe ouviam a narrativa alegre e jovial ou grave e em suspense.
Enfim, nosso bom escritor, amante dos contos e dos livros, manuscritos um a um, perdeu-se no tempo, mas ficou na região, um que de amor, de admiração pelos seus feitos e se hoje a cidade dedica-se, não sabendo bem porque à publicação de livros raros talvez seja pela semente plantada e grafada em seus espíritos de amor pela obra literária.
Bendito seja aquele que lê, ensina e propaga a boa leitura pois está semeando sonhos. E sonhos são necessários para que possamos enxergar mais alem, aventurar-nos em busca do conhecimento, tão necessário para nossa evolução espiritual.
Meimei
22/05/2009

Nenhum comentário: